3/11/2020

Saúde dos rins: o caminho é a prevenção

O Dia Mundial do Rim, comemorado anualmente na segunda quinta-feira de março, tem como objetivo reduzir o impacto da doença renal em todo o mundo. Neste ano, o dia 12 é marcado pela frase “Saúde dos rins para todos. Ame seus rins. Dose sua creatinina!”, com ações em diversas instituições do país. A data é extremamente necessária na conscientização da população para que prestem atenção no sistema urinário, muitas vezes esquecido e tão importante para a manutenção da nossa saúde.

Para além de ser um filtro natural para eliminação de toxinas, o rim possui uma série de outras funções, muitas vezes desconhecidas. “O rim é um órgão de suma importância para o nosso organismo. Entre suas funções estão às endócrinas e de controle da pressão arterial”, explica a médica nefrologista Liriane Cumerlato, do Centro de Prevenção e Tratamento das Doenças Renais do Hospital Regina. A evolução da doença renal e a diminuição do funcionamento dos rins acarretam em muitos problemas na saúde dos indivíduos. “Essa disfunção afeta diretamente a manutenção do cálcio e do fósforo, que impacta no metabolismo ósseo. Impacta ainda na progressão da anemia, devido hormônio produzido pelo rim e que afeta a medula óssea”, completa.

Os cuidados com os rins iniciam com uma premissa básica: a ingestão de água. Mas, além disso, outras ações fazem parte da prevenção das doenças renais, sendo a mais importante o cuidado com a alimentação durante a vida. “A educação alimentar ainda caminha de forma tímida. Deve haver um conjunto de educação entre escola e família para que a pessoa cresça com hábitos saudáveis”, aponta a Nutricionista Luciana Pereira Mosmann. Os cuidados com o sódio e com produtos industrializados estão no topo da lista, tratando-se de doenças renais. “O brasileiro ingere de duas a três vezes a mais do que seria o ideal no consumo do sódio. O ideal é que seja realizada uma avaliação individual para traçar um plano alimentar que supra as necessidades de cada um”, sugere.

Atenção redobrada aos fatores de risco

O Ministério da Saúde aponta alguns indivíduos que estão sob o risco de desenvolver Doença Renal Crônica, como os portadores de obesidade, tabagistas e que possuem histórico de doenças do aparelho circulatório. Os que necessitam de uma atenção intensificada, porém, são as pessoas com diabetes e hipertensão. “As pessoas estão cada vez mais velhas e são as mais acometidas por essas doenças crônicas. Por isso, temos que começar a pensar no auto cuidado cada vez mais novos, ainda criança”, alerta a Enfermeira do Centro de Prevenção, Karine da Silva.

Outra ação importante para a prevenção, em termos de saúde coletiva, é o cuidado no uso de medicamentos potencialmente tóxicos para os rins. “Neste contexto, temos um grande problema, que é o uso de anti-inflamatórios de forma indiscriminada e sem controle de distribuição”, aponta a nefrologista Liriane.

Ao tratar dos fatores de risco, é essencial a busca por profissionais que possam cuidar das individualidades de cada pessoa, como forma de atentar-se à saúde de todo o organismo. “Um hipertenso, por exemplo, não pode ser avaliado somente por um cardiologista. O nefrologista tem que estar associado. O enfermeiro é importante para as orientações sobre a adesão medicamentosa. A nutricionista para uma orientação alimentar baseada em todos os fatores de risco de cada um e assim por diante”, pondera Karine.

Diagnóstico precoce

O diagnóstico precoce é fundamental para retardar a progressão da Doença Renal Crônica, que tem tratamento. Ele ocorre de forma simples e poucas atitudes são necessárias para identificar ou não o desenvolvimento de alguma doença renal. “Para fazer uma avaliação renal, não precisamos de nada muito rebuscado. Exame de sangue medindo creatinina, uma amostra de urina e uma ecografia para ver morfologicamente o rim já são suficientes para conseguir detectar alterações”, orienta a nefrologista.