Você já parou para pensar na importância de um órgão na sua vida? Imagine-se precisando de um pulmão para respirar, uma córnea para enxergar ou até mesmo um coração para ter vitalidade. É uma angústia enfrentada por milhares de pessoas em nosso país. Realidade, porém, que pode ser transformada através de uma simples atitude: a doação de órgãos.
Esse ato, que pode mudar a vida de até 8 pessoas, marcou o Hospital Regina no mês de setembro, dedicado à Campanha Nacional pela Doação de Órgãos e Tecidos. Isso porque, foi realizada a captação de três órgãos na Instituição, beneficiando receptores que aguardavam na fila por um transplante. A efetivação da doação só foi possível pelo aceite da família, que mesmo em um momento de dor, decidiu dar esperança à vida de três pessoas.
Dados da Associação Brasileira de Doação de Órgãos (ABDO) referem que, até junho de 2021, haviam 2.083 pessoas aguardando por um transplante no Rio Grande do Sul. Porém, entre janeiro e junho deste ano, apenas 80 doações foram efetivadas. A recusa dos familiares está em segundo lugar nas causas de não efetivação e representa 40% das entrevistas realizadas. “Os pacientes em lista de espera por um órgão seguem aguardando e, mais do que nunca, contam com a nossa ajuda para seguirem suas vidas. O caminho para aumentarmos as possibilidades de doação passa por expressar aos familiares o interesse em ser doador”, alerta a Enfermeira Magna Birk, Coordenadora da Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT) do Hospital Regina, responsável por intermediar o processo de doação.
Além dos fatores normalmente enfrentados para a efetivação da doação, como a recusa familiar e contra-indicação médica, o último ano trouxe mais um desafio: o aumento em 44% na taxa de contraindicação pela possibilidade do risco de transmissão de covid-19. O dado reforça a importância de falar sobre o assunto.
Uma grande equipe mobilizada
A efetivação de uma doação de órgãos passa pelas mãos e olhos atentos de uma equipe grande e comprometida. A partir do diagnóstico da morte encefálica e após os exames de compatibilidade e saúde dos órgãos, a Central de Transplante inicia a busca por receptores compatíveis de acordo com a lista de espera. Após a localização e autorização sobre os órgãos a serem doados, uma equipe da Organização de Procura de Órgãos (OPO 7) é encaminhada para fazer a retirada e coleta dos órgãos, em conjunto com os profissionais da Instituição.
São médicos, cirurgiões, enfermeiros e equipe administrativa envolvidas para que tudo saia conforme preconiza a legislação. “Neste processo, a equipe da CIHDOTT tem papel fundamental, pois é responsável por conversar com os familiares e fazer o preenchimento de todos os documentos necessários. Um grupo realmente essencial”, reforça a coordenadora.
Como funciona a Doação de Órgãos
Uma das principais preocupações dos familiares é em relação ao Diagnóstico de morte encefálica, que precisa ser documentado e comprovado. Para que o diagnóstico seja efetivado, é necessário diversos testes que incluem exames clínicos e de imagem para mostrar que o ente não possui mais reflexos cerebrais e não pode respirar por si próprio. Esses exames são baseados em sólidas e reconhecidas normas médicas. Em muitos casos, os testes são realizados duas vezes, com intervalo de diversas horas, para assegurar o diagnóstico. Caso sinta necessidade, o familiar pode solicitar ao médico a explicação de como a morte encefálica foi declarada.
Após o diagnóstico, a Central de Transplantes do Estado é comunicada e realiza a avaliação do potencial doador, considerando a inexistência de contra indicações clínicas e laboratoriais. É realizada uma entrevista com a família, que assina um termo de consentimento. Por último, uma equipe de profissionais é encaminhada ao Hospital para a captação e transporte dos órgãos para transplante.
Como ser um Doador de Órgãos
Para ser um Doador de Órgãos basta deixar claro à sua família o desejo de doar. Não é solicitado nenhum tipo de autorização formal ou registro em cartório. A doação pode ser efetiva em qualquer idade, a depender das condições dos órgãos. Uma única pessoa pode ajudar até oito que aguardam na fila por um transplante.